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21 de maio de 2011

Samantha 03 - Lembranças

A garota de cabelos claros estava sentada em frente a uma lata de lixo nos fundos de sua casa, sua blusa foi jogada dentro da lata juntamente com a luva usada no dia do crime e até sua calça - era minha preferida Patrick, como você ousou em sujá-la com seu sangue imundo - ela sussurrava para si mesma. Riscou um palito de fósforo após jogar um frasco de álcool e ateou fogo - agora a policia não vai me encontrar tão cedo.

O corpo de Patrick Judd foi examinado, a doutora responsável  pela autópsia era conhecida por Doutora D. - o que você encontrou doutora? - ela puxou com força a agulha que estava em suas mãos, cortou a linha e cobriu o corpo com um lençol - não mais do que vocês. A causa da morte foi a perda de sangue, quem o atingiu acertou-o na garganta, na barriga e depois cravou o dardo na têmpora esquerda do rapaz - o detetive Mark parecia intrigado com tantos golpes, mas não sabia explicar o motivo de não encontrar vestígios de defesa - ele não se defendeu? - a doutora analisou algumas fotografias e entregou-as ao detetive - não há nenhum sinal de defesa, quem fez isso poderia o conhecer e sabia muito bem o que estava fazendo - Mark apanhou as fotos, encarou o garoto coberto pelo lençol e saiu.


Samantha estava encarando o celular enquanto ele tocava, ela não sabia se conseguiria enganar sua melhor amiga - melhor amiga, tsc, tsc, tsc - não era tão melhor amiga, mas era uma das garotas que ela mais conversava - aloa - ela atendeu desafiando a si mesma - ensaio hoje? Hoje é domingo, não é melhor deixar para ensaiarmos amanhã depois da aula? - a resposta foi negativa, ela teria que sair de casa, teria que andar no meio das pessoas e fingir estar magoada, mas ela não estava - tudo bem então, eu vou até sua casa ou...? - Gina iria com o namorado - sem problemas.




Sarah ainda estava fora de casa, Samantha estava sozinha e iria tomar banho, ela não gostava muito de o fazer, a lembrava de Patrick - maldito seja - deixou o roupão cair e se posicionou sob o chuveiro. A água quente caia pelo seu corpo, ela sentia vontade de se tocar, mas não tinha tempo para isso, o ensaio era importante. Sua mão deslizou por suas pernas até encontrar "o ponto" (Patrick estava abrindo a porta do banheiro e a observando sem ela o notar), o prazer pelo toque de seus dedos a fez cerrar os olhos e se encostar na parede fria, arrepiando sua pele clara (o garoto estava sem roupa se tocando enquanto a observava), as memórias iam surgindo a cada movimento em busca do prazer, estava quase lá, ela não queria perder tempo, tinha que ser rápida (Patrick estava compartilhando o chuveiro com ela e ela só o notou depois de ele ter tapado sua boca), os gemidos saiam de sua boca como forma de expressão, só mais um pouco, estava quase lá (ele estava encarando-a enquanto lhe pressionava contra a parede e a penetrava sem seu consentimento, o sangue lhe escorria pelas pernas. A dor. A sensação. Não era tão mágico quanto ela gostaria que fosse), ela havia terminado (Patrick também) e sentia seu corpo mais leve depois do ato. Desligou o chuveiro, vestiu seu roupão e caminhou até seu guarda-roupas em busca da sua roupa de ginástica.


O caminho até o ginásio de esportes era longo, mas ela não tinha problemas com a distância. Uma viatura da polícia parou em frente e sua casa, ela não acenou, apenas continuou andando fingindo não ter visto. Paul ligou novamente o carro após ter visto a garota na calçada e a parou - garota, você conhece as pessoas que moram naquela casa? - apontou com os papeis que estava em sua mão - preciso falar com uma garota que mora lá - ela sorriu, olhou para as casas vizinhas (nenhum curioso) - eu moro lá, o senhor quer falar comigo? - Paul sorriu e abriu a porta do carro para sair - estou no caso de Patrick, tenho algumas perguntas para lhe fazer sobre o garoto, se importa em responder? - ela arrumou o cabelo atrás da orelha, estava com cara de ser uma garota inocente e preocupada - estou atrasada para meu ensaio, o senhor pode me dar uma carona? - Paul sabia que não podia, mas ela era uma linda garota e tinha certeza de que ela não tentaria nada com um policial tão serio quanto ele - tudo bem, pode entrar.




Paul sentia-se uma autoridade na presença da garota, estava com as mãos firmes no volante e os olhos fixos na estrada, ele conhecia o bairro e sabia onde era o ginásio - você conhecia Patrick? - ela estava tranquila ao lado do rapaz, sentia-se forte depois de ter feito uma breve refeição e agora tinha que ser lembrada de Patrick novamente - sim, ele cuidou de mim quando eu era bebê, não me lembro bem - Paul olhou rapidamente para o rosto da garota, ela parecia confusa - você tinha algum laço de amizade com ele? O via sempre? - claro que via, ele estava sempre nas mesmas festas que ela - eu sempre o via nas festas, sou do grupo de dança da escola e ele era um dos jogadores de futebol, mesmas festas, mesmos amigos, essas coisas - o policial era forte, ela notou, tinha belas pernas e um lindo sorriso - quando foi a ultima vez que falou com ele? - quando o matei, pensou - na semana passada, festa da uva na quadra da escola, todos estavam lá, foi muito divertido, você devia ter ido - Samantha deu um leve tapa em seu braço, ele se excitou com aquilo, ela notou um certo volume - o senhor acha que vai pegar o desgraçado que fez isso com Patrick? - era o momento de se vangloriar como policial - não temos muitas pistas do assassino, mas pode ter certeza de que vamos pegá-lo. É tudo questão de tempo - ela deixou escapar um sorriso no canto dos lábios - eu fico excitada com o trabalho dos policias quando pegam os assassinos - ele parou o carro em frente ao ginásio, ele não sabia o que responder - espero que nos encontremos mais vezes delegado - ele sorriu, era seu primeiro caso e já estava aparentando ser delegado - se lembrar de alguma coisa sobre Patrick, me ligue neste número - lhe entregou um cartão - qualquer informação que possa parecer inútil, para nós é sempre uma pista - ela guardou o cartão entre seus seios - entendido, obrigada pela carona - o carro se foi e Samantha se apressou em entrar no ginásio enquanto o jovem policial a observa pelo retrovisor.

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